A última vez que o Madeira tinha chegado a um nível tão baixo foi em 2022
A vazante no rio Madeira, que abriga as megahidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, atingiu a cota histórica de 1,44 metro na quinta feira (21), informam g1 e Diário da Amazônia.
Trata-se, portanto, da menor medição já registrada desde que o nível do rio começou a ser monitorado. A última vez que o Madeira tinha chegado a um nível tão baixo foi em 2022, com o mesmo 1,44 metro. Antes disso, a menor cota era de 1,63 metro, catalogada em 2005.
Segundo especialistas, a estiagem, comum nesta época do ano na região, está sendo agravada pelo aquecimento das águas dos oceanos Atlântico Tropical Norte, logo acima da linha do equador, e do Pacífico Equatorial, este último devido ao atual El Niño. Essa situação “dupla” inibe a formação de nuvens, diminuindo o volume de chuvas na região amazônica, explica o Meteored.
As secas na Amazônia aumentaram de frequência e de intensidade nos últimos anos – o que pode ser creditado à crise climática.
O pesquisador Renato Senna, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), destaca que a região não está preparada para enfrentar esses períodos secos. “É um processo muito caótico. As pessoas estão mais resilientes para as condições de cheias na região, mas não para as secas”, explica ele.
E a seca severa na Amazônia pode afetar também o abastecimento de produtos em todo o país. A navegação do rio Amazonas já foi afetada, mas sua capacidade de transporte pode cair 40% em duas semanas e até 50% até outubro.