O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende reunir com presidentes de países amazônicos para discutir soluções em defesa da região e “para saber se esse famoso crédito de carbono existe mesmo”.
A declaração do presidente foi dada em entrevista exclusiva à jornalista Natuza Nery, da GloboNews, exibida na noite de quarta-feira (18).
O tema Amazônia foi um dos assuntos na conversa de 55 minutos. Foi a primeira entrevista exclusiva de Lula após assumir seu terceiro mandato presidencial, em 1º de janeiro deste ano.
“Estou tentando marcar uma reunião com os presidentes da Amazônia, com Equador, Colômbia, Peru, Venezuela, Bolívia e Guiana Francesa, para que a gente discuta uma política continental para preservar nossa Amazônia e saber se esse famoso crédito de carbono existe mesmo, para poder você ter dinheiro para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem na Amazônia”, disse Lula.
Crédito de carbono é um conceito criado a partir do Protocolo de Kyoto, em 1997, e que passou a ser adotado em 2005.
A ideia é que a redução das emissões de gases que causam efeito estufa passem a ter valor econômico. É como um certificado que os países, empresas ou pessoas compram para diminuir a responsabilidade sobre a emissão dos gases poluentes.
Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de carbono emitido.
A alta emissão do elemento leva à poluição do ar, formação de chuva ácida e desequilíbrio do efeito estufa, com consequente elevação da temperatura da Terra, que causa mudanças climáticas.
Em tese, a Amazônia, pela contribuição para o equilíbrio do Planeta, teria direito a vender créditos de carbono, mas na prática, esses valores não têm sido disponibilizado pelos agentes poluidores.
O presidente fez um paralelo entre a necessidade de não poluir e a necessidade de melhoria de vida da populaçao que habita a região amazônica. E disse que o mundo deve contribuir para pagar essa conta.
“Só no Brasil são 25 milhões de pessoas que precisam trabalhar, que querem ter acesso a bens materiais e essa gente precisa ganhar dinheiro”, afirmou o presidente.
“A indústria não pode ser poluidora. Então nós vamos brigar muito para que o mundo desenvolvido coloque o dinheiro que existe para que a gente possa preservar de fato e de verdade a Amazônia”, disse Lula.
“Nós não queremos transformar a Amazônia em um museu, um santuário da humanidade. Nós queremos fazer com que a Amazônia seja preservada, a bem do povo da Amazônia, a bem do povo brasileiro e a bem da humanidade”, completou.
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