Wilson Lima, candidato à reeleição, cancelou ida ao programa, após emissora veicular reportagem que beneficiava seu adversário
O senador Eduardo Braga (MDB) teve, na noite desta quinta-feira, 27, aquela que pode ter sido sua última chance de tentar reagir às pesquisas que mostram que, daqui a dois dias, ele poderá sofrer uma acachapante derrota para o governador Wilson Lima (UB).
Mas a bala de prata contra seu adversário não saiu. O emedebista teve 30 minutos num debate para o qual o governador abriu mão de ir. Contudo, ainda assim, Braga não aproveitou a oportunidade.
Não foi qualquer oportunidade. Foi na TV Globo, a maior audiência regional.
Braga contra Braga
Sem oponente para duelar, Eduardo Braga transformou o estúdio da TV Amazonas, acusada pela campanha de Wilson de parcialidade, numa arena de luta dele contra ele mesmo.
Mas o emedebista parece ter entrado numa provocação de jogo de futebol. Nesse caso, provocação de goleiro contra atacante, que pega uma falta, distante da área, de cara para o gol. O atacante espera formação da barreira, mas goleiro diz: sem barreira. E, assim, tira a referência de seu oponente.
Foi o que aconteceu no debate. Eduardo Braga foi com tanta vontade de atacar seu adversário que acabou se perdendo.
Já abriu o programa mostrando falta de criatividade e respeito com o adversário e a figura do governador. Fez isso quando se referiu a Wilson como “Omisso Lima”. A estratégia foi usada no primeiro turno pelo deputado Ricardo Nicolau, mas não deu certo.
Depois disso, Braga prometeu, criticando, que, eleito, aumentará o Auxílio Estadual de R$ 150 para R$ 500. Ele disse que R$ 150 mal dá para comprar um botija de gás, mas esqueceu que criou um Bolsa Floresta de apenas R$ 50.
Seguiu prometendo zerar ICMS para vários setores da economia. A promessa soou tão estranha para o mediador, o jornalista Roberto Burnier, que ele foi obrigado a retrucar mais ou menos assim: “E o Estado vai viver de quê?”
Corrupção
O senador, investigado pela Lava Jato, mostrado pelo jornalista Ronaldo Tirandentes como uma das maiores fortunas do Amazonas e do país, após passar pelo Governo do Estado em dois mandatos, acusou o atual governador de corrupção.
Ele tentou ainda tirar a Amazonas Energia e o aumento da conta de luz de sua responsabilidade, o que mais fez neste segundo turno.
Enfim, em trinta minutos, Braga repetiu tudo aquilo que disse em toda a eleição, tanto no primeiro quanto no segundo turno.
A lição
Mas Braga não entendeu que esse discurso não foi aceito pelo eleitor amazonense. É isso que as pesquisas dizem a dois dias do segundo turno.
Ele, talvez, não tenha assimilado a ideia de sua própria campanha, que diz: “Pra crescer, tem que mudar”.
Nesta campanha, pelo contrário, Braga só reforçou tudo aquilo que já se conhece dele e de seu temperamento.
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