O ex-juiz Sergio Moro declarou, nesta sexta-feira (8), em uma entrevista em inglês ao Atlantic Council, que seu nome está à disposição do União Brasil para concorrer à Presidência da República ou a qualquer outro cargo “que eles achem que possa funcionar”.
O ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública, no entanto, continuou descartando ser candidato a deputado federal, como já havia proclamado após deixar o Podemos e sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto “neste momento”, em 31 de março.
“Eu não posso ir a um novo partido e dizer: ‘eu sou o candidato presidencial’, mas o meu nome está lá disponível para esta posição ou outra posição que eles achem que possa funcionar ou que eu possa não ser o candidato de nada”, afirmou Moro.
“O que eu disse, já disse, é que eu não serei um candidato a deputado federal. Mas o ponto é que se não somos, se nós não fizermos alguns sacrifícios para unir o centro, nós não iremos a lugar nenhum e nós precisamos da palavra política do centro para nos unirmos para enfrentar os desafios desta polarização”, continuou.
De acordo com o ex-juiz, se houver fragmentação nos partidos de centro, será difícil lidar com a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). “Então, eu tomei a decisão de dar um passo para trás. Eu preciso também, eu entendo que eu preciso de um partido político mais forte para enfrentar o desafio da polarização e eu decidi me filiar ao União Brasil. E eu tornei o meu nome disponível para o partido.”
Em nota conjunta, os partidos União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania concordaram em anunciar no dia 18 de maio um único “candidato de consenso”. “No próximo dia 14/04, quinta-feira, o União Brasil confirmará o nome do Partido para apreciação desse conjunto de forças políticas. O candidato(a) de consenso será anunciado(a) no dia 18/05, quarta-feira em Brasília”, informaram as siglas.
Primeiras reações do União Brasil
Após o ato da filiação de Moro, membros do União Brasil reagiram as suas manifestações de que “não desistiu de nada”, se referindo ao Planalto.
O diretório paulista do União Brasil, por sua vez, alegou que poderia impugnar sua ficha de filiação caso insista em concorrer “em um projeto Nacional”. Segundo a legenda, sua entrada se deu em projeto por São Paulo, podendo concorrer à Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa ou Senado Federal.
“O União Brasil São Paulo reafirma que a filiação do ex-juiz Sergio Moro se deu com a concordância de um projeto pelo estado de São Paulo, isto é, deputado estadual, deputado federal ou, eventualmente, senado. Em caso de insistência em um projeto Nacional, o partido vai impugnar a ficha de filiação de Moro”, diz a nota assinada pelo deputado federal Alexandre Leite.
O também deputado Júnior Bozzella rebateu a declaração de Leite dizendo que “nenhum membro da diretoria, isoladamente, está autorizado a falar pelo União Brasil de São Paulo”. Indica ainda que, “nos termos estatutários, as manifestações oficiais do partido devem ser colegiadas, seguir as diretrizes estatutárias e do órgão nacional”.
“A filiação de Sérgio Moro foi realizada em Brasília pelo presidente nacional, Luciano Bivar, que é a autoridade máxima do partido, até que haja uma convocação dos órgãos nacionais colegiados”. disse Bozzella. Ele afirmou ainda que “nenhum membro de São Paulo pode desautorizar o presidente nacional” e que isso é “regra básica da hierarquia partidária”.
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