Todos os anos o Rio Negro tem aumento no seu nível e provoca transtornos na capital e região metropolitana. Alguns anos a cheia não atrapalha tanto a vida dos moradores de Manaus, mas este ano o fenômeno natural inundou casas, ruas, provocando mudanças no trânsito, prejuízos no comércio e obrigando moradores de áreas alagadiças a elevarem suas casas ou até mesmo se mudarem. Ao menos 24 mil manauaras, espalhados por 17 bairros da cidade, já foram atingidos diretamente pela cheia histórica do Rio Negro.
Após atingir 30,02 metros e superar a maior cheia de toda a história, o nível do rio Negro, em Manaus, já desceu 25 centímetros. O rio já está em processo de vazante, mas o impacto da cheia ainda pode ser visto. Nas últimas 24 horas o rio já desceu três centímetros, chegando a 29,77 centímetros acima do nível do mar. Esta é a maior descida desde o início da vazante, igualando a descida do dia anterior que também teve um recuo de três centímetros.
Segundo a pesquisadora em geociências do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Luna Gripp, com uma descida significativa nos últimos dias é muito improvável que o Rio Negro volte a subir.
Finalmente, os grandes rios da Amazônia, principalmente os da região central próximo a Manaus começaram a apresentar indícios de que realmente estão entrando em processo de vazante. Tecnicamente nos consideramos os processos de vazante um período em que o rio, ao longo de vários dias consecutivas apresentam descida no nível do seu rio
A região do centro de Manaus, muito afetada pela cheia, aos poucos volta à normalidade. Nenhuma das ruas do centro da cidade, interditadas parcialmente pelo Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) está completamente liberada, mas a secretaria municipal responsável pelo transporte urbano na cidade estuda a abertura de algumas ruas conforme a possibilidade.
A única avenida liberada parcialmente, a Lourenço da Silva Braga, no bairro Educandos, Zona Sul de Manaus, já pode ser utilizada pelos motoristas. A avenida estava interditada desde o dia 17 de junho.
Moradora do bairro Educandos, a professora Vanuza Nunes, 52, comemora a reabertura da avenida.
Quando a via estava interditada eu usava a avenida 7 de setembro que é um caminho mais longo para chegar ao trabalho. Agora ficará mais fácil
No centro de Manaus o comércio aos poucos vai se restabelecendo. A região próxima à feira da Manaus Moderna foi atingida diretamente. O trânsito precisou ser modificado e o comércio, que já sofre com a diminuição de clientes por conta da cheia, é diretamente afetado. “O faturamento da minha loja caiu em torno de 50%, porque os ônibus que passavam aqui na Floriano Peixoto, aumentando a visibilidade da minha loja, deixaram de passar. Com a descida dos rios, aos poucos as pessoas estão visitando aqui, deu uma leve melhorada, mas vai ficar melhor quando o trânsito for liberado”, conta o comerciante Omar Ibrahim, 28.
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