quinta-feira, novembro 21, 2024
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    Ameaça de morte a pesquisador do AM é denunciada na CPI

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    O senador Humberto Costa (PT-PE) denunciou na CPI da covid, as ameaças de morte contra o pesquisador Marcus Lacerda (foto) da Fiocruz/Amazônia.

    Ele coordenou estudo indicando que cloroquina não tem eficácia no tratamento dos infectados pelo coronavírus (covid-19).

    Antes, Costa se solidarizou com o pesquisador da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal, que revelou na CPI estudo indicando que 400 mil vidas de brasileiros poderiam se poupadas, caso o país ficasse na média mundial de mortes pela covid.

    Em março passado, Pedro Hallal teve de assinar um termo de ajustamento de conduta por criticar a gestão de Jair Bolsonaro durante live transmitida pelas redes sociais da universidade.

    “Quero também registrar aqui minha solidariedade a uma outra pessoa que tem sido brutalmente perseguida pelo seu trabalho científico, que é o professor Marcus Lacerda, lá do Amazonas, que tem sido vítima permanente dessas hordas digitais que existem no Brasil, além de, mais grave, ameaças de morte”, denunciou.

    O nome do cientista sempre surge na CPI quando o senador bolsonarista Luís Carlos Heinze (PP-RS), que integra comissão, critica seus estudos e pede investigação sobre uso elevado da hidroxicloroquina na pesquisa em Manaus.

    Na agência de notícia da Fiocruz consta que a pesquisa foi estruturada como um estudo de fase 2, ou seja, com o foco na análise de diferentes dosagens e na segurança dos pacientes, incluindo apenas aqueles com quadro de srag e suspeita (e posterior confirmação laboratorial) de covid.

    O estudo foi feito com 81 pacientes internados no hospital Delphina Aziz, referência para covid no Amazonas.

    Eles foram divididos em dois grupos, que receberam duas dosagens distintas de cloroquina no tratamento: uma dose alta (600mg duas vezes ao dia, por dez dias) e outra mais baixa (450 mg duas vezes ao dia no primeiro dia, e uma vez ao dia por mais quatro dias).

    Após o início da medicação, os pacientes foram acompanhados por 28 dias e os pesquisadores contaram com apoio de cardiologistas.

    As primeiras conclusões do estudo apontaram que pacientes graves com covid não devem usar a dose recomendada pelo Consenso de Tratamento Chinês.

    Pesquisa de excelência

    Em depoimento à CPI, no último dia 11, a microbiologista Natália Pasternak elogiou a pesquisa de Lacerda.

    “Foi uma pesquisa de excelência, premiada internacionalmente como um dos melhores trabalhos publicados em 2020. Uma pesquisa extremamente bem conduzida, um estudo de segurança de dose”, disse.

    De acordo com ela, Lacerda foi quem mostrou que aumentar a dose não era seguro, e que a dose baixa não servia.

    “Criou-se uma controvérsia, porque pacientes morreram no correr do experimento, mas esses pacientes morreram de covid; eles não morreram por causa do teste clínico. Eram pacientes graves, hospitalizados e que infelizmente morreram de covid”, explicou.

    A cientista também destacou que o teste clínico teve todo acompanhamento e aprovação do comitê de ética.

    “E, quando eles perceberam que havia qualquer risco para os pacientes com dose alta, esses pacientes foram removidos do grupo”, lembrou.

    Pasternak classificou o experimento como “extremamente ético”, bem conduzido e que trouxe, talvez, a primeira resposta internacional para a pergunta: “Será que a cloroquina funciona pra covid-19?”

    “Esse estudo mostrou, de uma maneira muito clara, que não funciona pra reduzir carga viral, como era a proposta daquele estudo francês de Marselha, que foi um estudo muito criticado pela comunidade científica, porque é carregado de falhas metodológicas e até suspeita de fraude”, disse.

    Leia mais:
    Pesquisador da Amazônia alerta que vacinas podem não segurar P.1.
    Contrariando Bolsonaro, Queiroga diz que cloroquina não tem eficácia
    Ministério da Saúde contraindica uso de cloroquina em pacientes com Covid

    Mais informações.

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