Entre as 1.411 candidaturas a vereador em Manaus, quatro mulheres candidatas ao cargo legislativo podem estar sob investigação da Justiça Eleitoral. Tudo porque não foram votadas ou receberam 1 voto apenas.
De acordo com levantamento do BNC Amazonas na apuração da eleição do dia 15, estão sob suspeita Ketlen Oliveira (PMB), com 1 voto; Thais Mota (PMB), Priscila Lima (PDT), e Giovana Marques (PDT) que não foram votadas.
Apesar das candidaturas receberem recursos dos fundos eleitoral e partidário, portanto, dinheiro público, nenhuma das candidatas, apresentam demonstrativo de repasse de valores. Os dados, foram analisados na plataforma Divulga Cand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No Brasil, conforme levantamento do jornal O Estado de São Paulo, das 173 mil mulheres aptas a disputar o cargo de vereador, 15, 6.372 tiveram apenas um ou nenhum voto. Trata-se, portanto, de um possível laranjal de candidaturas, como ocorreu em Manaus.
A partir disso, compreende-se que ausência de votos e o fato de nem a candidata ter votado nela mesma provocaram suspeitas de que essas mulheres tenham sido usadas como “laranjas”. Sobretudo, isso é feito para que partidos pudessem driblar a lei e cumprir a cota de 30% de candidaturas femininas.
Parte delas recebeu R$ 877 mil do fundo eleitoral. Este, portanto, é o dinheiro público usado para financiar gastos de campanha.
A verba na conta de mais de 500 candidatas causa estranheza, já que todas tiveram desempenho pífio nas urnas. Além disso, este pode ser mais um indício do “laranjal partidário”, com o lançamento de concorrentes “de fachada”.
Campanhas femininas
Desde 2018, partidos devem destinar, no mínimo, 30% do fundo eleitoral para campanhas femininas. Quem não cumprir a regra pode ter as contas rejeitadas, os repasses suspensos e ser obrigado a devolver o dinheiro.
Em Vargem Grande Paulista, interior de São Paulo, a candidata Marjory Piva teve apenas um voto, mas recebeu R$ 17 mil do Republicanos.
Ela não declarou nenhuma receita à Justiça Eleitoral. O presidente municipal da legenda, vereador Zezinho Tapeceiro, disse que Marjory teve um problema pessoal e desistiu de concorrer.
“Ela não é candidata laranja, porém ela teve de desistir e esse recurso dela está sendo todo devolvido”, afirmou.
PSL, de novo
Em Santa Rita, na Paraíba, Edivania Carneiro viveu situação semelhante: recebeu R$ 15 mil do fundo eleitoral do PSL, mas obteve apenas um voto.
Marjory e Edivania foram as mulheres que mais ganharam verba do fundo eleitoral de seus partidos. Há indícios de que as duas tenham sido “laranjas”.
São Paulo, Bahia e Minas Gerais são os estados com o maior número de mulheres que tiveram zero ou um voto na disputa municipal de vereador.
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Com informações do Estadão.*