sábado, dezembro 21, 2024
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    Brasil é terceiro país mais perigoso para defensores do meio ambiente

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    Um novo relatório da Global Witness, uma organização de direitos humanos, colocou o Brasil em terceiro lugar como país mais perigoso para defensores de terra e do meio ambiente. De acordo com o documento, no ano passado, 24 ativistas foram mortos no País. No caso do Amazonas, os assassinatos somaram cinco.

    Os dados não param por aí. Em toda a Amazônia, foram 33 pessoas assassinadas por defenderem o meio ambiente e as terras. Só no Brasil,  90% das mortes ocorreram no território da floresta amazônica.

    Ainda de acordo com o relatório, mais de dois terços dos assassinatos foram registrados na América Latina. No ranking global, os primeiros países da lista com mais mortes de defensores do meio ambiente foram Colômbia, com 64 casos, e Filipinas, com 43. Ao todo, 212 ativistas tiveram suas vidas ceifadas. O número é o maior já registrado em um único ano.

    Defender a natureza, perigo diário

    Carlos Durigan, geógrafo e ambientalista, comenta a realidade perigosa dos dados. Ele é diretor da WCS Brasil, uma organização sem fins lucrativos voltada para a proteção do Meio Ambiente.

    “Muito triste o que acontece no Brasil em relação à violência e até assassinatos de defensores de direitos e ambientalistas. Isso mostra como ainda o crime prevalece em nosso país, mesmo que a sociedade nacional se entristeça com o que acontece, nada é feito efetivamente pelos nossos governos para apoiar e mesmo proteger quem atua em defesa de interesses comuns e causas que de fato deveriam ser de todos”, afirma ele.

    Como ambientalista e amigo de pessoas que defendem a natureza, Durigan nomeia os principais riscos sofridos por essas pessoas.

    “Risco de morte e de sofrer violência, tanto física, quanto emocional. Uma vez que defensores de direitos e ambientalistas alertam sobre a degradação que é causada por criminosos e que afeta a vida de toda a sociedade. Infelizmente o que vemos como regra é que criminosos nem sempre são punidos e as ameaças persistem e com o advento das redes sociais, e ainda a grande disseminação de fake news, há uma ampliação do alcance de ações criminosas também no ambiente virtual”, comenta o diretor da WCS Brasil.

    Ele diz que alguns amigos já foram atacados até fisicamente por defenderem o meio ambiente. E cita o caso de Chico Caetano, um ambientalista e defensor de terras.

    “Gostaria de citar um caso de uns anos anteriores, de uma liderança comunitária que lutava pela hoje criada Reserva Extrativista do Baixo Rio Branco e Jauaperi. O senhor Francisco Caetano era um senhor bondoso e teve sua casa queimada anos atrás, por defender a criação desta área protegida”, comenta Durigan.

    No YouTube, o depoimento de Chico Caetano está registrado em um vídeo de um minuto. Ele conta a triste experiência que foi ter sua residência destruída por apenas defender a preservação de um lugar.

    Assista o depoimento de um minuto:

    Depoimento Chico Caetano | Autor: Reprodução

     

    “Foi muito dolorido. Deus o livre. A gente ter onde se agasalhar, ter onde morar, ter sua casinha, [então] sair para uma viagem e quando chegar não ter nada, [só] uma casa queimada sem poder fazer nada. E quem fez isso criminosamente pode até ficar achando graça. Me tiraram tudo, mas não tiraram a vida. E nem a fé, nem a esperança. Não vou desistir. Lutarei com todas as minhas forças pela criação da minha casa e da Resex [a reserva que realmente foi criada anos depois]”, afirmou o ambientalista, no vídeo.

    O que motiva tanta violência? 

    De acordo com a Global Witness, a mineração foi o setor mais mortal, com 50 defensores mortos em 2019. O agronegócio continua causando destruição também, com 34 defensores mortos e sendo o motivo de 85% dos ataques registrados na Ásia. Já a exploração madeireira foi o setor com o maior aumento de mortes no mundo desde 2018, com 85% a mais de ataques registrados contra defensores que se opõem à indústria e 24 defensores mortos em 2019.

    O agronegócio e o petróleo, o gás e a mineração têm sido os maiores impulsionadores industriais desse conflito. “À medida que cortam nossas florestas e injetam dióxido de carbono em nossa atmosfera, são também os setores que nos empurram ainda mais para uma mudança climática descontrolada”, escreveu a Global Witness em seu relatório.

    Indígenas e mulheres na mira dos assassinos

    Os povos indígenas continuam correndo um risco desproporcional de represálias, com 40% das vítimas mortas em 2019 pertencendo a comunidades indígenas. Entre 2015 e 2019, mais de um terço de todos os ataques fatais visaram povos indígenas – embora as comunidades indígenas representem apenas 5% da população mundial.

    “Quem vive na Amazônia corre risco”, afirmou Jean Bellini, coordenadora nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A entrevista foi concedida à agência de notícias Amazônia Real. Ela ressaltou também como indígenas têm seu próprio modo de viver na floresta e que correm o risco de perder isso.

    “Todos esses povos [tradicionais] compartilham do uso comum do espaço e o agronegócio e os grileiros querem colocar essa terra no mercado. A Amazônia é a última fronteira da expansão do capital, por isso os povos sofrem tanta violência”.

    Além dos assassinatos de indígenas, mulheres também estão na mira das balas. De acordo com a Global Witness,  “mais de 1 em cada 10 defensores mortos eram mulheres”, em média.

    “Muitas vezes a espinha dorsal de sua comunidade, as mulheres tendem a assumir mais a responsabilidade de cuidar dos filhos e parentes idosos, além de tentar ganhar a vida e trabalhar como ativistas. As mulheres que agem e falam abertamente também podem enfrentar ameaças específicas de gênero, incluindo violência sexual. Se outros membros de sua família forem defensores, eles também podem se tornar alvos”, ressaltou a GW.

    Conheça o Projeto Amazônia

    O “Projeto Amazônia”, da Rede EM TEMPO de Comunicação, com sede em Manaus, Amazonas, Região Norte do Brasil, tem a finalidade de dar visibilidade as populações da região, como ribeirinhos, povos indígenas, moradores da periferia das grande cidades, bem como destacar a riqueza da biodiversidade da Floresta Amazônica e a defesa de seu ecossistema. Não é possível falar de Amazônia sem falar sobre as características peculiares dos povos que a habitam, na convivência com essa natureza selvagem e, ao mesmo tempo, fantástica. Ciente da importância da Amazônia para o planeta, a empresa de comunicação, em parceria com a Google, tem a satisfação de apresentar ao mundo uma série de conteúdos multimídia sobre esse espaço da América do Sul e esse continente de superlativos.

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