O Amazonas é o estado com o maior número de candidatos indígenas registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O estado possui um terço das localidades indígenas no país, e registra, até o momento, 492 candidaturas. Na sequência, aparecem Mato Grosso do Sul (216), Roraima (148), Bahia (134) e Rio Grande do Sul (130). Em 2016, últimas eleições municipais, o Amazonas tinha 355 candidatos. Todos os 26 estados do país têm indígenas concorrendo para os cargos de prefeito, vice-prefeito ou vereador.
O número de candidaturas indígenas para as Eleições 2020 no Brasil, registram um aumento de 26,8%, na comparação com o pleito de 2016. O levantamento é com base nas estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Há quatro anos, 1.715 autodeclarados índios se candidataram, ante os 2.176 registrados este ano. A quantidade de candidaturas indígenas corresponde a 0,39% do total de candidatos registrados junto à Justiça Eleitoral, percentual bem próximo ao tamanho dessa população no país.
De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 0,4% dos brasileiros, cerca de 817 mil pessoas à época, se declaravam índios. Enquanto a participação indígena na corrida eleitoral cresceu 26,8%, a de candidatos, em geral, subiu 10,7%.
O sócio fundador do Instituto Socioambiental (ISA), Márcio Santilli, reforça que a maior participação de índios nas eleições não é exclusividade de alguns estados ou etnias. “Evidentemente, essa é uma presença tanto maior, quanto maior é a população indígena em cada local, como no Amazonas e em Mato Grosso do Sul. Mas vimos no Nordeste e no Sul do país, em várias regiões, esse movimento crescente de participação dos índios no processo eleitoral. Não é um privilégio de uma etnia, acontece em relação a todos.”
Santilli destaca o engajamento cada vez expressivo das comunidades indígenas no cenário político brasileiro e ressalta que as eleições municipais são uma grande oportunidade para os povos tradicionais. “É crescente a participação dos índios nos processos político e eleitoral brasileiro nos últimos anos. Essa eleição é uma oportunidade de avanço significativa por parte dos índios na sua representação local, apesar das condições especiais do processo eleitoral em meio à pandemia da Covid-19”, avalia.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta
*Com informações da FolhaBV