O vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia reconheceu o sucateamento de órgãos de fiscalização como o Ibama e o ICMBio, ligados ao Ministério do Meio Ambiente.
Mesmo assim, ele defendeu a política ambiental do governo federal.
A declaração foi dada ao programa “Direto ao Ponto”, da Rádio Jovem Pan.
Ao ser questionado se o Brasil poderia recuperar sua imagem ajudando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, que estaria sucateado.
Em relação ao Inpe, ele pontuou apenas que o órgão precisa de ferramentas de tecnologia da informação para melhorar a análise de dados.
“O Inpe não está sucateado. Acho que estão muito mais sucateadas as agências de fiscalização, de combate direto às ilegalidades no campo, como o Ibama e o ICMBio [órgãos ligados ao Ministério do Meio Ambiente], que perderam aí praticamente a metade dos agentes. No Pará, tem 12, 13 agentes do Ibama em condições de fiscalizar. Qual tamanho do Pará? Dá três Alemanhas, com 12 pessoas para fiscalizar. É humanamente impossível”, disse Mourão.
Ele afirmou ainda que a preservação da Amazônia será uma tarefa civil, e que a missão dos militares é outra: de proteção.
De acordo com ele, as Forças Armadas estão dando apoio às agências de fiscalização.
“Isso não é questão dos militares. A preservação é uma coisa civil. A proteção da Amazônia, que é defesa, é dos militares”, disse Mourão.
Grupos de críticos
Segundo ele, há três grupos que criticam a atuação do governo. Um é a oposição. Outro são as pessoas movidas por interesse econômicos.
E o terceiro são os “bolsões sinceros, mas radicais”, em que se incluem os ambientalistas.
Mourão também apresentou números que, de acordo com ele, mostrariam que não houve tanto desmatamento na comparação com governos anteriores.
Sobre as queimadas no Pantanal, ele atribuiu parte do problema à seca.
“A hora que mostrarmos que os índices de ilegalidade entraram nos níveis mínimos, imediatamente recuperamos toda e qualquer credibilidade que possamos ter perdido”, disse o vice-presidente.
Questionado sobre o que é verdade e mentira na exploração de recursos da Amazônia, como o nióbio, ele respondeu:
“O nióbio não é ouro que extrai da terra. É um mineral que está numa massa de terra, terras raras, que você para extrair o nióbio, depois de pegar um caminhão de terra, vai passar por um processamento de 18 fases. Na 18ª fase, vai sair nióbio. Quando você ouvir alguém dizer que estão roubando nióbio da Amazônia, é uma mentira, uma mentira carioca, como se dizia na minha época. Agora, as reservas minerais da Amazônia são expressivas. E coincidem com as terras indígenas. É uma realidade, principalmente as terras indígenas localizadas em fronteira. É só colocar um mapa sobre o outro. Isso é algo que, em um futuro, poderá nos trazer problema.
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Com informações do Jornal O Globo*