Levantamento feio pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra que os municípios de Apuí e Lábrea, no Sul do Amazonas, são os que mais sofrem com focos de queimadas em todo o estado. Os dados do Inpe são medidos em tempo real e mostram que Apuí concentra 2.678 focos e Lábrea, 2.022. Os números são a soma parcial de casos notificados em 2020. Somente em setembro, até a quarta-feira (22), Lábrea registrou 665 casos.
As duas cidades amazonenses ficam na divisa do Estado com o Acre, Rondônia e o Mato Grosso e também estão na lista das 10 cidades responsáveis por mais da metade de todo o desmatamento da Amazônia em abril deste ano. A área onde eles estão localizados é conhecida pela forte presença da pecuária. As queimadas e os desmatamentos são monitorados pelas entidades como movimentos de pecuaristas e fazendeiros da região, que buscam ampliar a área de pasto para o cultivo de gados.
Em todo o estado do Amazonas, o número parcial de queimadas, em 2020, já é maior que o total de 2019. No ano passado o estado chegou a registrar 12.676 focos, enquanto até a primeira quinzena de setembro, já são mais de 13 mil casos. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) informou que o aumento das queimadas no Sul do estado está relacionado à pressão em glebas e assentamentos federais para expansão da fronteira agropecuária e grilagem de terras.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as duas categorias fundiárias somaram 8.532 focos de calor, de 1º de janeiro a 23 de setembro de 2020 – 59% do total de focos registrados em todo o Amazonas. Sendo assim, a Operação Curuquetê 2, coordenada pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), está concentrada na região Sul, tendo como base atual o município de Apuí. O Sul do Amazonas também é a área principal das ações previstas no Programa Amazonas Mais Verde, lançado pelo Governo do Amazonas no dia 15 de setembro.
Política nacional na contramão
No início do mês, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, publicaram em rede social um vídeo em que negavam que a Amazônia estivesse queimando. O material chegou a receber críticas, já que trazia imagens de um mico-leão-dourado, animal só encontrado na Mata Atlântica. (veja o vídeo abaixo)
Queimadas avançam sobre parques nacionais brasileiros
Em agosto, o Ministério do Meio Ambiente anunciou que as ações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia seriam suspensas. Em nota, o órgão afirmou que suspensão seria motivada por um bloqueio financeiro determinado pela Secretaria de Orçamento Federal em verbas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta*
*Com informações do G1/Amazonas