O novo coronavírus está infectando as pessoas ao redor do mundo em uma velocidade assustadora. Como o tratamento e a cura ainda não foram descobertos, o único método eficaz de conter os avanços da Covid-19 é ficando em casa, ou seja, praticar o isolamento social.
Ainda assim, é impossível que 100% da população de uma cidade ou país fique em casa. Portanto, o isolamento servirá para achatar a curva do número de infectados, até que outras medidas de contenção estejam disponíveis. Quanto mais essa curva for achatada, menor será a quantidade de infectados num curto período de tempo — além de diminuir a demanda por leitos hospitalares.
Para analisar os avanços e até os prováveis estragos da Covid-19, um grupo de brasileiros composto por professores, pesquisadores e profissionais da área da saúde e das ciências exatas vem trabalhando desde março para tentar responder a algumas perguntas. Um delas, por exemplo, é se e quando haverá o colapso do sistema de saúde por conta da pandemia.
Para isso, eles desenvolveram um software que prevê não só possíveis datas para o colapso, mas também quando será o pico da doença. O simulador está disponível para uso público e faz previsões para municípios de todo o país.
São Paulo na mira
A capital paulista foi a primeira testada pela equipe, que availou quando a demanda pelo sistema hospitalar da cidade chegará a 100% de sua capacidade. Os especialistas fizeram isso a partir de bases de dados públicos, como o CNES/DATASUS. “Primeiro, calculamos quando o colapso aconteceria se não houvesse isolamento social algum. O software nos mostrou que no meio de abril, já não haveria leitos disponíveis”, relata Diógenes Justo, matemático e professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP). “Neste cálculo, já estão inclusos os novos leitos anunciados pela prefeitura”.
Os especialistas também simularam outros três cenários possíveis para São Paulo: com 25% de redução no contato social, o colapso aconteceria no dia 1º de maio; com 50% das pessoas se isolando, a previsão seria em 17 de maio. “No melhor cenário, com 65% da população em casa, praticando o isolamento social, o sistema de saúde entra em colapso em junho”, revela Justo.
A boa notícia é que o software também é capaz de prever uma possível volta à normalidade na maior cidade do país. “Não temos como apontar um mês exato, mas se o isolamento social ocorrer de forma estável, tudo indica que vamos começar a sair de casa no segundo semestre”, acredita o professor da FIAP.
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*Reportagem da Revista Galileu