quinta-feira, dezembro 19, 2024
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    Mourão aponta falta de coordenação em ações finais contra coronavírus

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    O vice-presidente, general Hamilton Mourão, 66, diz que é hora de as autoridades deixarem o individualismo de lado no combate ao coronavírus no Brasil e defende um consenso frente à pandemia.

    O vice-presidente, general Hamilton Mourão disse, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, que é hora de as autoridades deixarem o individualismo de lado no combate ao coronavírus no Brasil. Ele também defende um consenso frente à pandemia e maior coordenação nas ações.

    “O fulano está pensando só nisso porque é de direita e o outro só aquilo porque é de esquerda. Não, nós temos de buscar um meio-termo e a igualdade”, disse.

    “Acho que está havendo uma falta de coordenação das ações no final”, declarou sobre a crise entre os governadores e o presidente Jair Bolsonaro.

    O general afirmou que é preciso encontrar um modelo de isolamento que não seja “oito ou oitenta”.

    Questionado sobre a decisão de Bolsonaro de não mostrar o exame negativo para o vírus, respondeu: “Acho que tem de confiar na palavra do presidente. Seria o pior dos mundos o presidente chegar e declarar que testou e deu negativo e depois aparecer que deu positivo”.

    Veja alguns trechos da entrevista:

    1. O coronavírus é uma doença séria ou uma gripezinha?

    Ele [o vírus] é sério. O presidente, quando fala de gripezinha, é o linguajar dele. Busca passar certo grau de confiança para a população. Aí a turma fica com raiva e quer pular na jugular dele.

    2. O senhor falou que o presidente foi mal interpretado no pronunciamento de terça (24). Ele não é irresponsável em falar em gripezinha, resfriadinho, pedir todos na rua, atacar a mídia?

    Sobre a questão da briga do presidente com a mídia e da mídia com o presidente, já houve um momento em que deixou de haver a crítica, sinceramente. Às vezes, vejo jornalistas renomados falando, principalmente na televisão, com raiva. Pelo amor de Deus, não vamos ter raiva.

    3. Como o senhor avalia o papel da mídia na cobertura da pandemia?

    A mídia está fazendo o papel dela e está informando.

    4. Por que o senhor diz que o presidente foi mal interpretado?

    Porque ele quis explicar as consequências de um “lockdown” drástico e o que ia acontecer na economia. Então apresentou aquela preocupação.

    5. O presidente não deveria ser mais cuidadoso em suas falas?

    O presidente tem o jeito dele. Sou vice-presidente do Jair Bolsonaro. Ando na ala dele. Não estou aqui para dizer: “Presidente, muda seu jeito de ser”. Não adianta. Ele tem 65 anos.

    6. Bolsonaro foi questionado sobre a avaliação feita pelo senhor do pronunciamento e respondeu que o presidente é ele. O senhor se incomodou?

    Em absoluto, ele é o presidente. Falo isso para ele sempre.

    7. O pronunciamento foi discutido com os filhos do presidente. Não incomoda à ala militar a participação deles em reuniões no Planalto sobre a crise?

    O Carlos é vereador, não tem nenhuma atribuição federal. É uma família unida, que atravessou problemas ao longo de sua evolução do núcleo familiar e o presidente tem muita confiança nas opiniões deles.

    8. Mas o Carlos sentou à mesa de reunião…

    Sentou, mas não abriu a boca. Ele sabe também que não vai abrir a boca porque não tem nenhum papel no governo.

    9. Esse clima de beligerância está prejudicando o enfrentamento da doença?

    Acho que está havendo uma falta de coordenação das ações no final. Vamos lembrar que somos uma federação. Aquilo que é do município é do município. Se extrapola o município, aí é do estado. Se extrapola do estado, é da União. Nossos governadores têm de entender os limites e buscar uma coordenação com o governo federal.

    10. Pela sua experiência na área militar, qual é a melhor forma de combater a pandemia?

    São três coisas. Primeiro, tem de ter planejamento centralizado e determinar objetivos. E, a partir daí, na execução, ter clareza para todo mundo entender o que está sendo feito. Um trabalho de coordenação é paciente. Numa estrutura militar, dou ordem e a turma obedece. Em uma estrutura política, isso não funciona desse jeito. A coordenação é muito mais no sistema do consenso, na busca do entendimento e na busca dos melhores propósitos.

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    *Reportagem da Folha de S. Paulo

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