Depois de ser motivo para o decreto de situação de emergência em Parintins na última terça-feira (14), o desmoronamento da orla da cidade pode ocasionar um “tsunami fluvial”. O fenômeno pode acontecer também em outros pontos dos rios Amazonas, Solimões e Madeira, segundo o pesquisador em geociência do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Marco Oliveira.
De acordo com o especialista, tudo depende da quantidade de terra que será mobilizada pelo deslizamento, que determina o tamanho da onda propagada.
Atualmente, dois milhões de toneladas de sedimentos passam por dia pelo rio Amazonas, na altura no município de Parintins, a 369 km de distância de Manaus.
“Parte desses sedimentos em suspensão se depositam nas margens dos rios e também criam as ilhas. A cada cheia, ou vazante, o canal do rio pode migrar de local e quando ele muda, provoca a erosão, conhecida como fenômeno das terras caídas”, explicou.
Tsunami em 2007
De acordo com o pesquisador, os municípios entre São Paulo de Olivença e Torantins têm sofrido com o fenômeno provocado pela erosão fluvial no Rio Solimões. Em entrevista à Rede Amazônica, ele relembrou o tsunami fluvial que aconteceu em 2007, em Parintins.
“Na época, ocorreu na margem do rio Amazonas, na comunidade Saracura, um deslizamento de terra de grande porte, que mobilizou cerca de 500 m de extensão do barranco, por 60 m de profundidade. Esta terra, quando caiu no rio, gerou uma onda que se propagou para outra margem, atingindo outras comunidades”, contou Marco Oliveira.
Fenômeno aconteceu na região em 2017 — Foto: Reprodução/CPRM
Ainda conforme o pesquisador, em 2007, uma pessoa morreu, casas foram derrubadas e barcos ficaram virados. Pelo porte do fenômeno, “nós chamamos na época de tsunami fluvial. É uma onda gigante gerada pelo deslizamento de terra, muito comum nos grandes rios do Amazonas”.
Em relação ao fato ocorrido nesta terça-feira (14), a Prefeitura de Parintins informou que está trabalhando na busca de recursos para a construção de muro de contenção nos trechos onde não existe a estrutura e que realiza a revitalização de um trecho do muro de arrimo localizado na rua Caetano Prestes, Centro, na área que compreende a Praça do Comunas, que havia desmoronado há alguns anos. A previsão de término dos trabalhos, segundo a Prefeitura, é de 90 dias.
A situação de emergência deve vigorar pelo prazo de 90. A situação de anormalidade pode ser prorrogada até completar o máximo de 180.
Com informações do G1*