A campanha Novembro Azul começa nesta sexta-feira (1º/11) para conscientizar sobre o câncer de próstata, que é o segundo mais comum entre os homens. Conhecido como o câncer da terceira idade, desenvolvido em 75% em pacientes a partir dos 65 anos, fica atrás apenas do câncer de pele não-melanoma. Conforme as últimas estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 68.220 novos casos no Brasil, sendo 580 no Amazonas, anualmente.
Segundo o urologista George Lins de Albuquerque, chefe do serviço de urologia da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), o Novembro Azul vem para alertar a população masculina, a partir dos 50 anos, sobre a questão da política de rastreamento do câncer de próstata e a importância do diagnóstico precoce através do exame de PSA, com coleta de sangue para verificar os antígenos específicos da próstata que denunciam alguma afecção na glândula, e do exame de toque. Ele explica que quando são realizados os dois procedimentos, a chance de erro em detectar o câncer é de 5% a 10%.
“Existem também dois grupos de risco que, a partir de 45 anos, devem procurar o especialista. São pacientes com histórico familiar de primeiro grau, que tem cerca de dez vezes mais chances de desenvolver o câncer de próstata; e os negros”, informa o médico. “É importante a população entender que o rastreamento é fundamental para que se possa diagnosticar precocemente a doença e instituir um tratamento com intenção curativa imediatamente”.
Tratamento – O especialista reforça que, atualmente, as alternativas estão evoluindo e a tecnologia vem somando, agregando de forma positiva aos resultados cirúrgicos. Albuquerque destaca que, no diagnóstico precoce, tanto o procedimento cirúrgico, que pode ser feito por robótica, laparoscopia ou o procedimento clássico; quanto a radioterapia, são mais efetivos.
“Quando o paciente entra na FCecon com o diagnóstico, a próxima etapa é identificar o estágio da doença, que pode existir basicamente em três cenários: a localizada, confinada a próstata; a localmente avançada, ou seja, quando o tumor já extravasa a capa prostática; e tem o terceiro, quando a célula tumoral atinge a corrente sanguínea e vai se depositar no osso, promovendo lesões ósseas. Feito isso é que vamos determinar o tratamento”, detalha o urologista.
“Já as duas principais complicações da cirurgia é a disfunção erétil e a incontinência urinária, mas as taxas são muito variáveis. Com a evolução das técnicas, dos novos recursos tecnológicos, essas taxas foram reduzindo de maneira que tem paciente com 12 meses de pós-operatório e 80% recuperam a incontinência. Já da disfunção erétil demora um pouco mais, 18 a 24 meses, o princípio é privilegiar o controle oncológico, mas sempre tentando a preservação dos aspectos funcionais”.
Acompanhamento – O auxiliar de produção Elias Assis faz acompanhamento na FCecon de seis em seis meses depois que precisou remover a próstata, em novembro de 2013. Ele conta que decidiu procurar o médico após não conseguir ter relações sexuais com a mulher dele.
“Na época, com 54 anos, eu achava que o problema era a bebida, fui deixando passar e, depois de uma sequência, percebi que tinha alguma coisa errada. Procurei um especialista, fiz uma biopsia e descobri um tumor maligno na próstata”, lembra o paciente. “Hoje em dia, eu alerto as pessoas sobre a importância da prevenção, porque existe um machismo que tem que acabar. Os homens a partir dos 40 anos não devem deixar de fazer o exame por vergonha ou preconceito. Se eu tivesse feito isso antes, eu teria evitado tudo que eu passei e o que estou passando ainda”.
Assis ressalta que para superar o momento entre o diagnóstico e a cirurgia contou com o apoio da família e dos psicólogos da FCecon. “Para o homem é um baque, no início é complicado superar o medo da cirurgia e a família é muito importante no processo, a minha me apoiou e esteve ao meu lado”, afirma o auxiliar de produção. “Mas os psicólogos nos ajudam a lidar melhor com isso”.
Campanha – A campanha Novembro Azul é mundialmente conhecida como Movember – Moustache (bigode) + November (novembro) – e surgiu em 2003, na Austrália. O mês foi escolhido porque o dia 17 de novembro é instituído como o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata.
Com informações da Secom*