Durante sessão desta quarta-feira (30), na Câmara Municipal de Manaus, os vereadores cobraram a volta do programa Carreta da Mulher, que leva atendimento ginecológico e preventivo aos diversos bairros da cidade, mas que está extinto há um ano. O parlamentar Gilvandro Mota (PTC), líder do Governo, aproveitou a oportunidade para dizer que o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) trará o programa de volta, de forma ampliada, com o nome de Carretas Itinerantes.
O parlamentar ressaltou, ainda, que as mulheres são desobedientes e não fazem os exames de mama e colo uterino na rede municipal de Saúde porque não querem. “Há uma relutância muito grande por parte das mulheres em realizar esses exames de mama e de colo uterino. Isso é fato, existem estudos e números que dizem que as mulheres são refratárias com relação a isso”, disse Gilvandro.
A deputada Alessandra Câmpelo (MDB) utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) na manhã desta quinta-feira (31) para contestar a fala do vereador. “Ontem, de forma desastrosa, um vereador da Câmara Municipal de Manaus simplesmente fez um pronunciamento, ao fazer um elogio por uma ideia que ele disse inovadora do prefeito de Manaus, que é trazer de volta as carretas (…). Ele disse que era uma ideia inovadora, que o prefeito estava fazendo isso para levar o atendimento a todas as mulheres, porque infelizmente as mulheres não querem ir aos Postos de Saúde e as UBSs para fazer exame preventivo do câncer de mama e de colo de útero”, disse Alessandra.
A deputada ainda enfatizou que o parlamentar se baseou, de forma equivocada, em uma pesquisa para fazer a sua afirmação. “Ele teve a coragem de dizer que as mulheres relutam em não fazer o exame, segundo ele baseado numa pesquisa (…). Só que ou ele não leu a pesquisa ou tentou explicar algo inexplicável. A única coisa que tem em relação a estudos da mulher talvez não querer fazer o exame, é que um pequeno percentual se sente constrangida quando o médico ou enfermeiro que vai ajudar no exame é homem. E que a maioria que não faz o exame é porque não tem acesso ao exame”, explicou.
Alessandra ainda fez questão de destacar que “de cada dez mulheres que deveriam ter acesso às Unidade Básicas de Saúde da Prefeitura para fazer o exame de câncer colo de útero, só três conseguem. Sete não conseguem fazer o exame. Daí o vereador vem dizer que a culpa é nossa”, exemplificou a parlamentar que ainda acrescentou: “Aqui em Manaus as pessoas não tem acesso ao exame de colo de útero, porque a Prefeitura de Manaus só cobre 35% da saúde básica. Isso tem que ficar claro. A saúde básica, que cabe a Prefeitura de Manaus só tem cobertura de 35%. Tanto é que o Ministério Público Estadual entrou com uma ação na Justiça”, afirmou.
“Então, senhor vereador, meu colega, coronel Gilvandro, não repita mais isso. Tenha um ato de dignidade e diga: eu errei. Eu interpretei mal. Espero que não tenha sido maldade da sua parte querer culpar as mulheres”, finalizou a deputada que também usou a tribuna para destacar os avanços do Governo do Estado nas Políticas Públicas de saúde da mulher.
Dados do Inca
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) projeta para o Amazonas cerca de 420 (20,60%) novos casos de câncer de mama em um ano. Já para os novos casos de câncer de colo de útero, o Inca estima uma taxa bruta de 40,97 a cada 100 mil mulheres.
Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta