A doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Inovação Farmacêuticas (PPGIF), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Leilane Bentes de Sousa, desenvolveu um modelo de pele artificial a partir de células humanas permanentes. A amostra de tecido humano artificial (equivalente dermo-epidérmico) foi criada para ser utilizada em testes de substâncias cosméticas e fármacos. A pesquisadora produziu a pele in vitro no Laboratório de Atividades Biológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (Biophar), coordenada pelo professor Emerson Lima e pela professora Marne Vasconcellos.
De acordo com a matéria veiculada pela Assessoria de Comunicação da Ufam, o desenvolvimento de modelos de pele humana reconstruída em laboratório tem sido uma alternativa muito eficaz ao uso de animais em experimentação para testar a segurança de novos produtos. Esses novos modelos possuem, ainda, diversas aplicações e representam um ganho potencial de autonomia tecnológica para o Brasil, além de contribuir com a redução, refinamento e até mesmo substituição, de animais em experimentação reforçado pela legislação do Conselho Nacional de Experimentação Animal e organizações internacionais.
A reportagem explica ainda que as células são adquiridas no mercado privado e são cultivadas em uma estrutura de colágeno que a partir desse procedimento vão se proliferando até desenvolver o tecido epidérmico (pele superficial humana que protege todo o corpo) e a derme (tecido interno, logo abaixo da pele superficial dos seres humanos). Inúmeros processos de produção de pele artificial são conhecidos no Brasil e no mundo, mas a pesquisa de mestrado, da doutoranda Leilane, se diferenciou por utilizar outro procedimento.
Para as indústrias de cosméticos testarem a segurança de seus produtos, estas peles precisam preencher os requisitos necessários de validação exigidos pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) que disponibiliza os protocolos de validação. Só existem quatro peles internacionalmente reconhecidas e validadas pela entidade para utilização em testes, sendo que nenhuma é brasileira. Para serem utilizadas no Brasil é preciso importá-las e isso gera um custo muito elevado, além do processo ser bastante dificultoso por se tratarem de tecidos vivos.
“Elaboramos um modelo tridimensional de cultura celular e cultivamos as células em uma estrutura de colágeno que permitiu o crescimento e desenvolvimento da célula nessa estrutura, durante 10 a 15 dias, em estufa, para crescimento e diferenciação e formação de um tecido. Fizemos o estudo de desenvolvimento e, ao final, os testes que a OECD preconiza para esse tipo de modelo, e verificamos que havia função barreira, ou seja, poderia mimetizar as principais funções da pele humana que são as barreiras física, mecânica, química, que atuam contra agentes biológicos”, afirmou a doutoranda.
Por Cíntia Ferreira*
*Com informações da Ascom da Ufam