Por nove votos a quatro, os vereadores da Câmara Municipal de Coari decidiram arquivar o processo de cassação do mandato do prefeito de Coari, Adail Filho (PP), por quebra de decoro.
Os parlamentares ainda concederam 15 dias de afastamento ao gestor municipal durante a sessão, presidida pelo vereador Carlos Endrick Nascimento (PSB), realizada na última segunda-feira (7).
Os parlamentares de Coari (município distante 363 quilômetros em linha reta de Manaus) também arquivaram o pedido de afastamento do vereador Keitton Pinheiro (PP), primo do prefeito.
Adail e Keitton foram presos temporariamente durante a operação Patrinus, deflagrada no dia 30 de setembro pelo Ministério Público Estadual (MPE – AM) e soltos após a Justiça conceder Habeas Corpus.
Operação Patrinus
No dia 26 de setembro, o MPE-AM deflagrou a Operação Patrinus – em Manaus e em Coari – contra um esquema de corrupção que desviou pelo menos, R$ 100 milhões. Adail Filho e a irmã dele, a deputada estadual Mayara Pinheiro (PP), eram dois dos quatro alvos da operação.
Os valores desviados envolvem, segundo o Ministério, fraudes a licitações, dispensas indevidas de licitações e contratos superfaturados, dos quais serão aferidos os valores efetivamente desviados.
A operação cumpriu ainda 70 mandados de busca pessoal e de busca e apreensão em domicílios, órgãos públicos e sedes de empresas.
As investigações duraram mais de 18 meses e apuraram situações que aconteceram entre 2017 e 2018. Os trabalhos apontaram que, durante a campanha, Adail Filho fez promessa de pagar fornecedores da prefeitura que não recebiam há vários anos, mas cobrava 30% do valor da dívida dos empresários que quisessem receber.
Além de Adail Filho, foram presos também o empresário Alexsuel Rodrigues; o sargento/PM e assessor do prefeito, Fernando Lima e o vereador e presidente da Câmara Municipal de Coari, Kleiton Batista.
Família Pinheiro
Adail Filho e Mayara Pinheiro são filhos de Adail Pinheiro – acusado de comandar uma rede de pedofilia em Coari. Adail Pinheiro foi preso pela primeira vez em 2008 na Operação Vorax, da Polícia Federal, por suspeita de desviar mais de R$ 40 milhões.
À época, os policiais também colheram indícios de que Adail chefiava uma rede de exploração sexual que contava com servidores públicos para identificar e aliciar as vítimas. Em 2014, ele foi denunciado por pedofilia e condenado por comandar um esquema milionário de fraudes em licitações e desvios de recursos públicos na Prefeitura de Coari.
Já em 2017, Adail Pinheiro recebeu indulto e teve extinção da pena de prisão de mais de 11 anos.
Com informações do G1*