O site The Intercept Brasil teve acesso a documentos que mostram planos do governo do presidente Jair Bolsonaro de desenvolver uma das partes mais conservadas da Amazônia, explorando riquezas, fazendo obras e atraindo novos habitantes. A preservação da Amazônia, maior floresta tropical do mundo, já se tornou uma crise internacional, depois que as queimadas recentemente tomaram conta de grande parte do território que fica no Brasil. A divulgação destes documentos torna tudo ainda mais polêmico.
O projeto do governo se chama “Barão de Rio Branco” e retoma o antigo sonho militar de povoar a Amazônia. Ele foi apresentado pela primeira vez em fevereiro deste ano, quando a Secretaria-geral da Presidência ainda estava sob o comando de Gustavo Bebbiano. Conforme a matéria do Intercept, apesar de Bolsonaro ter se comprometido a proteger a floresta em pronunciamento em cadeia nacional de televisão, o projeto mostraria que a prioridade é explorar as riquezas, fazer grandes obras e atrair novos habitantes.
Na apresentação do plano para a Amazônia, o governo diz enxergar uma oposição orquestrada à sua “liberdade de ação” na região. Os slides listam os previsíveis opositores: ONGs ambientalistas e indigenistas, mídia, pressões diplomáticas e econômicas, mobilização de minorias e aparelhamento das instituições. Nenhuma organização indígena foi envolvida no projeto. Elas ficaram sabendo do projeto Barão de Rio Branco pela imprensa.
O plano de ocupação afetaria 27 terras indígenas e áreas protegidas da chamada Calha Norte. A terra indígena Wajãpi, no Amapá, onde foi relatado o assassinato de um cacique por garimpeiros, é uma delas.
Por Cíntia Ferreira*, do Portal Projeta
*Com informações da Carta Capital