O presidente da França, Emmanuel Macron, vem mobilizando os líderes internacionais para aumentar a destinação de recursos à proteção da Amazônia e outras florestas tropicais. Nesta segunda-feira (23), a França anunciou parceria com os maiores doadores internacionais, entre eles o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e a ONG “Conservation International” para levantar US$ 500 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).
Emmanuel Macron disse que a França irá contribuir com US$ 100 milhões deste total, para financiar, juntamente com o Banco Mundial e a Alemanha, o programa “Pro Green” de ajuda a projetos locais, segundo a agência francesa RFI.
O anúncio foi feito em Nova York, onde acontece a Cúpula do Clima da ONU. O financiamento do reflorestamento foi um dos temas centrais de uma reunião especial sobre a Amazônia organizada pela ONU, antes da Cúpula de Ação Climática dos líderes mundiais.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento vai apoiar ações desenvolvidas pelos países amazônicos. A Conservação International, que é dirigida por Harrison Ford, investirá em iniciativas de ONGs, comunidades nativas e empresas privadas. O ator americano indicou hoje que a organização vai destinar US$ 20 milhões a esses projetos de defesa da Amazônia.
A organização informou em nota que o recurso destina-se a apoiar a estrutura fornecida pelo Pacto de Letícia, assinado em setembro pelos países com floresta amazônica em meio aos esforços emergenciais para a floresta.
Os projetos financiados por esta verba envolvem restauração florestal, apoio às comunidades indígenas e aproximação com agricultores para que conservam florestas.
A iniciativa de realizar esse encontro foi do próprio Macron, juntamente com os presidentes do Chile, Sebastián Piñera, da Colômbia, Iván Duque, e da Bolívia, Evo Morales. O Brasil não participou e Macron lamentou a ausência de representantes brasileiros.
“Estamos discutindo tudo isso sem o Brasil presente. O Brasil é bem-vindo”, disse.
Doações do G7
Em agosto, Macron também anunciou uma ajuda dos países do Gkkkkkkkkkkk,,7 para combater as queimadas, no valor equivalente a 20 milhões de euros (R$ 91 milhões). O plano foi improvisado, feito às pressas depois que o presidente da França chamou a atenção do mundo para os incêndios na floresta amazônica, e não ficou claro de que forma o dinheiro seria enviado.
Na ocasião, o governo do primeiro-ministro Boris Johnson disse que o Reino Unido doaria o equivalente a R$ 50 milhões para o Brasil combater queimadas. E o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, informou que ajudaria emprestando aviões-tanque e doando o equivalente a mais de R$ 46 milhões para os países da Região Amazônica. Entretanto, Macron não esclareceu se seu anúncio já incluía essas participações.
O governo brasileiro questionou os interesses desses países na região amazônica, mas o ministro Ricardo Salles declarou que a ajuda seria “bem-vinda” desde que o Brasil pudesse usar os recursos livremente.
Salles, que defende a reestruturação do Fundo Amazônia dando mais poder de decisão ao governo federal, tem prometido criar um novo fundo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a iniciativa privada.
O BID informou por meio de nota que deve, junto a mais oito bancos de desenvolvimento, investir até o final de 2025 US$ 175 bilhões em projetos para o clima. O número representa um aumento de US$ 65 bilhões em relação aos valores disponibilizados em 2018.
No ano passado, os bancos de desenvolvimento associados ao BID investiram US$111 bilhões em economias emergentes e países em desenvolvimento.
O valor dos investimentos previstos para 2025 será dividido entre as nações menos desenvolvidas, e a maior fatia será destinada a países mais pobres. Dos US$ 65 bilhões, US$ 50 bilhões serão destinados a este grupo.
O financiamento para investimentos em adaptação climática chegará a US$ 18 bilhões, o dobro da taxa de 2018 e o investimento em ações deve chegar a US$ 110 bilhões, ao menos 40% deste valor será disponibilizado pelo setor privado.