Em 2016, às vésperas da prisão do ex-presidente da Câmara e deputado federal pelo MDB-RJ, Eduardo Cunha, o então juiz da 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba, Sérgio Moro, atual ministro da Justiça, agiu para dissuadir os procuradores da Operação Lava Jato da intenção de pedir a apreensão dos celulares de Cunha.
“Acho que não é uma boa”, responde Moro. No mesmo dia, algumas horas depois uma reunião presencial com o juiz, Dallagnol, coordenador da Força Tarefa da Lava Jato no Ministério Público, avisa Moro de que os procuradores conversaram e “entendemos que não é caso de pedir os celulares, pelos riscos, com base em suas ponderações”.
A reportagem do Buzzfeed News aponta que a decisão fugiu do padrão da Lava Jato, já que diversas anotações e mensagens que embasam as investigações saíram dos celulares de executivos de empreiteiras. Eduardo Cunha foi preso no dia seguinte, 19 de outubro, em Brasília. O ex-presidente da Câmara chegou a disparar mensagens para vários políticos quando percebeu que seria preso e questionou os agentes da PF se deveria entregar a eles seus telefones.
Em resposta à reportagem, a Força Tarefa da Lava Jato informou que os aparelhos de telefone de Eduardo Cunha já tinham sido apreendidos, dez meses antes, pela Operação Catilinárias. A resposta do ministro da Justiça segue o padrão adotado desde que as mensagens começaram a ser vazadas: “O Ministro da Justiça e da Segurança Pública não reconhece a autenticidade das mensagens obtidas por meio criminoso”.