Os dias 26 e 27 de maio de 2019 foram marcados por assassinatos em massa de 55 pessoas, espalhados em quatro presídios do Amazonas. Num ato de violência peculiar e digna de atenção, os detentos executaram a maior parte das mortes por meio de asfixia.
As informações que chegam através de duvidosas correntes de WhatsApp causam medo por meio da desinformação. Ainda que o estudo da ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz tenha listado Manaus como a 37ª cidade mais violenta do mundo, é importante, sim, estar alerta e tão importante quanto é que sejam passadas as informações oficiais, precisas e que principalmente tenham base para própria reflexão do leitor.
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O que aconteceu?
As mortes acontecem dentro do contexto de uma guerra às drogas que já tem 40 anos.
Um confronto interno na terceira maior facção do país, a Família do Norte (FDN), teve início durante o horário de visitas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) no último domingo (26) e resultou na morte de 15 detentos e de outros 40 no dia seguinte.
Localizado ao lado do Compaj, o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) teve registro de 25 mortes, já na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) foram quatro e mais cinco detentos foram assassinados no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM 1).
Entre a segunda-feira (27) e quarta-feira (29), o Instituto Médico Legal (IML) liberou os corpos de 53 dos 55 detentos, segundo informações da Secretaria de Comunicação Social do Amazonas (Secom).
Famílias – A identificação ainda é aguardada pelas demais famílias no IML, na mais digna e humana esperança de realizarem os procedimentos de luto, como enterro ou velório.
Não foi rebelião
Durante a ação não houve registro de armas de fogo, como informou em coletiva nesta quarta-feira (29) o titular da Secretaria de Administração Penintenciária (Seap), Vinicius Almeida. A maior causa das mortes foi por asfixia por meio de golpes de mata-leão e armas brancas não-convencionais, como escovas de dente.
“O que houve foi uma briga entre os presos e a nossa ação foi de resgate. não tinha arma de fogo, a grande maioria dos detentos foram mortos com mata leão, matou-se no braço. eu participei da ação e tirei preso do braço dos outros, mesmo com a presença do fuzil eles não paravam”, relatou o secretário.
A última rebelião do Amazonas aconteceu em 2017, durou 17 horas e causou a morte de 56 detentos. À época, a população manauara enfrentou uma onda de medo causada pela quantidade de fugitivos juntamente com o rápido fluxo de disseminação de áudios via rede social WhatsApp.
Resposta
Na tarde desta quarta-feira (29), o governo estadual determinou o fim do contrato com a empresa que administra os quatro presídios envolvidos no massacre.
O secretário afirmou que o Estado é responsável pelas vidas dos detentos e pelos “métodos necessários para que eles não se matem lá dentro”, também durante a coletiva.
Um reforço nas ações foi garantido pelo Ministério da Justiça. Em uma ligação entre o governador Wilson Lima e ministro Sérgio Moro foram confirmados 100 homens da Força de Intervenção Penitenciária (FIP) e sua permanência por 90 dias nas unidades do Estado.
O grupo deve reforçar o monitoramento dos presídios e capacitar agentes penitenciários e profissionais do Grupo de Intervenção Penitenciária (GIP), criado em 2019.
Soluções
“Acredito que colocar mais policiamento e forças de choque não vai resolver o problema de maneira estrutural. É preciso que se mude a política penal não somente aqui no Amazonas, uma união dos poderes para oportunidades de mudanças nesse cenário onde se coloca o indivíduo na penitenciária hoje e amanhã ele já está na criminalidade”, afirma o defensor geral do estado.
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