O Instituto do Meio Ambiente e Homem da Amazônia (Imazon) divulgou nesta terça-feira (16) um novo boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) em que confirma a tendência de alta do desmatamento na Amazônia. A Amazônia perdeu o equivalente a uma cidade de São Paulo.
Em dezembro de 2018, as áreas desmatadas elevaram-se em 34% na comparação com o ano anterior. Entre agosto e dezembro de 2018, o monitoramento indicou um crescimento de 79% nos alertas em relação a 2017.
Ao todo, foram detectados 1706 km² de polígonos de desmatamento, área ligeiramente menor que a cidade de São Paulo.
O levantamento, que é feito mensalmente com imagens dos satélites europeus Sentinel I e II e do americano Landsat 8, apontou o Pará como estado que mais contribuiu para a elevação das derrubadas. Entre os polígonos mapeados em dezembro, 48% estão em território paraense, 35% no Mato Grosso e 7% em Rondônia.
A série histórica do Imazon revela um salto no desmatamento nos meses de novembro e dezembro de 2018, meses já chuvosos na Amazônia e portanto menos propícios às queimadas e extração de madeira.
Uma hipótese levantada para explicar a elevação nestes meses é a vitória de Jair Bolsonaro e a promessa de um boom econômico onde o agronegócio será o carro chefe.
“Grande parte dos desmatamentos ocorreram em áreas já consolidadas, como propriedades com posse definida ou assentamento, o que revela uma expansão da fronteira, a busca por novas áreas agrícolas”, avalia o coordenador do SAD, o pesquisador Carlos Souza Jr.
Mas o otimismo com o novo governo não é a única causa por trás das derrubadas. Os dados também confirmam projeção feita no passado pelo Imazon sobre os impactos da usina hidrelétrica de Belo Monte. Dos 10 municípios que mais desmataram em dezembro de 2018, sete estão no Pará e todos sob influência do grande empreendimento de infra-estrutura.
Desmatamento em unidades de conservação e terras indígenas
Além da expansão da fronteira agrícola, o Imazon detectou desmatamento ilegais em unidades de conservação e terras indígenas. Nesta categoria, chama a atenção desmates de grande extensão em Rondônia, na Floresta Extrativista do Rio Preto Jacundá e na área protegida federal, reserva extrativista de mesmo nome.
Os desmatamentos ilegais em reservas e territórios indígenas já ocupa 10% do total de alertas detectados pelo Imazon. Souza Jr. explica que esta participação já foi menor em outros momentos e cita as movimentações para a redução dos limites de áreas protegidas iniciadas ainda no governo Dilma. As desafetações foram intensificadas por Temer e, agora, mais prováveis no governo Bolsonaro.
Os dados do PRODES, o sistema de monitoramento do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) que provê a taxa anual de desmatamento brasileira, revelaram recentemente uma alta de 14% entre agosto de 2017 e julho de 2018.
Com um total de 7900 km², a área desmatada anualmente regrediu aos níveis de 2008.
Em um contexto de toda a Amazônia, o último boletim para o ano de 2018, confirma que a partir de 2012 houve uma inversão na tendência de queda do desmatamento.
A forte elevação registrada agora – 79% apenas nos cinco primeiros meses do calendário iniciado em agosto de 2018 – indica crescimento do desmatamento no primeiro ano do governo Bolsonaro.
Fonte: InfoAmazonia