O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), solto desde o dia 8 de novembro, disse que percebeu que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) é pior do que o que ele imaginava quando estava preso.
Em entrevista ao jornal El País, o petista disse que o atual governo é um risco. “Não houve nada muito inesperado [desde sua saída da prisão]. O que mais me assusta é perceber que o governo Bolsonaro consegue ser pior do que a visão que eu tive quando estava na prisão. Eu acho que a maneira como eles estão governando é um grande risco para o Brasil”.
Lula falou que a democracia não está sendo valorizada pela atual gestão. “Pessoas do governo [Bolsonaro] não entendem o que é democracia. Ele [Bolsonaro] não valoriza a democracia, nem seus filhos, nem seu partido. Várias vezes eles conversaram sobre o fechamento da Suprema Corte, o Congresso, de restaurar a AI5 [o decreto que iniciou a pior repressão da ditadura]. Ele acredita que tudo se resolve com o povo armado nas ruas”.
Apesar das críticas, o ex-presidente revelou ao veículo que não pretende “agitar” os brasileiros para um possível protesto – como aconteceu em países como Chile e Argentina recentemente.
“O papel de um ex-presidente da República não é agitar a sociedade contra quem ganha as eleições. Meu papel agora é mostrar ao povo que apenas com muita democracia, distribuição de renda e criação de empregos podemos fazer com que o país cresça”.
O petista, no entanto, não acredita que protestos sejam impossíveis. “Para a esquerda a rua é uma obrigação em qualquer país do mundo. Eu nasci para a política. Fizemos campanha [eleições diretas]. Não sei por que o atual governo tem medo das pessoas nas ruas. O próprio Bolsonaro apoiou a mobilização contra Dilma. Sair é uma demonstração de que a sociedade está viva e que não lhe permitirá desmantelar o Brasil. Só isso.”.