Governo Federal gasta três dias com oxigênio na BR-319 para chegar a Manaus
A dificuldade para se levar oxigênio a Manaus trouxe à tona uma das maiores dificuldades do Estado: o acesso terrestre. O Governo Federal, por meio do Ministério da Infraestrutura, enviou 100 mil metros cúbicos de oxigênio para o Amazonas, saindo de Porto Velho, com uma viagem de quase 900 quilômetros e que levou três dias para ser concluída. Seis carretas levaram o produto.
A capital amazonense vive um drama mundialmente conhecido pela falta do oxigênio, em virtude do aumento no número de casos e internações por consequência da Covid-19.
A BR-319 já é alvo de muitas críticas e cobranças de políticos há bastante tempo. O trecho é a única ligação rodoviária com a capital amazonense. Mas a via não é pavimentada e também possui diversos trechos com atoleiros no período chuvoso.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) realizou a operação na BR-319 em parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF). “Na primeira etapa da operação para transportar 160 mil m³ de oxigênio para Manaus, os comboios percorreram o trajeto de 877 quilômetros e contaram com o apoio das equipes de manutenção do Dnit para atravessar trechos não pavimentados da BR-319”, informou o comunicado do Ministério.
Ainda, por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que o consumo médio da rede hospitalar em Manaus, é de 80 mil m³ de oxigênio. Portanto, é exigido esforço diário para manter os níveis de consumo, que aumentaram em 300%. “A chegada dos 160 mil m³ alivia, mas não resolve em definitivo o problema do abastecimento da rede hospitalar. É necessário conter os níveis de contágio por Covid-19, reduzindo as internações, para que o consumo possa ir, gradativamente, voltando aos níveis anteriores”, destacou.
Estado isolado em estrada terrestre
Na semana passada, o Senador Plínio Valério (PSDB) disse, em entrevista ao Antagonista, que é uma desigualdade e uma injustiça o Amazonas estar isolado desta forma em estrada terrestre. “A única maneira do cilindro chegar até nós é por via área. Nosso problema é muito sério e desesperador. Esse colapso é uma tragédia anunciada (…) Nós temos que sair desse isolamento [geográfico] um dia. O Brasil não pode mais nos isolar”, destacou.
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Por Cíntia Ferreira, do Portal Projeta