Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), publicado pela revista científica Nature, em 2017, apontou os principais riscos para a saúde da população que vive próxima às áreas de queimadas. A pesquisa detectou que a fumaça impacta de tal forma que pode causar danos ao DNA e até morte de células dos pulmões. Mais de 10 milhões de pessoas estão diretamente expostas a altos níveis de poluentes devido ao desmatamento e incêndios na Amazônia, segundo a publicação.
O levantamento da Fiocruz diz ainda que a exposição das células pulmonares humanas a partículas menores que dez µm (ou dez micrômetros, que equivale a dez milionésimos de metro), que são emitidas durante as queimadas, aumentou significativamente o nível de espécies reativas de oxigênio, citocinas inflamatórias, autofagia e danos ao DNA. Além disso, se a exposição for continuada, aumentam-se as chances de morte das células.
A pesquisa foi feita em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e as universidades federais do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Norte. “Para as crianças, há a perda da função pulmonar. Nós detectamos isso na Amazônia, nós temos a perda da cognição, do aprendizado, da memorização e da capacidade de aprender”, diz Sandra Hacon, pesquisadora e especialista em Saúde Pública e Meio Ambiente, da Fiocruz.
Aumento das queimadas na Amazônia
Neste ano, as queimadas no Brasil tiveram um aumento de 82% em relação ao mesmo período de 2018 e os focos na Amazônia já superam a média histórica de agosto. Nesta quinta (29), o governo federal decidiu proibir as queimadas em todo o país durante o período da seca.