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    Jovens do AM adotam comportamentos sustentáveis

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    É importante falar sobre consciência ambiental especialmente quando direitos como educação estão em risco. As informações sobre o quão urgente é para o nosso planeta atitudes mais sustentáveis estão geralmente em locais onde o consumo é febre e frequentar escolas e universidades não é um desafio.

    Nessas camadas sociais falar em meio ambiente dentro do consumo é assumir o esteriótipo do eco-chato. No imaginário de muitas pessoas o assunto gira somente em torno de animais, plantas, rios e mares quando na verdade é um tema que envolve absolutamente tudo, inclusive sobre a sobrevivência de nós, seres humanos.

    É naturalizado que o dia-a-dia deve ser prático e na correria não cabem as profundidades. Por isso o estranhamento e até julgamento quando pessoas se posicionam no contra-fluxo, medidas políticas como a proibição de canudo plástico mostram mudança no cenário.

    Pensando nisso, o Portal Projeta entrevistou quatro mulheres que estabeleceram pra si o compromisso de adotarem comportamentos que causem menos impacto ao mundo.

    A publicitária Laryssa Gaynett teve os primeiros estalos ao pensar nas próximas gerações e partir disso, passou a mudar os hábitos alimentares. “Parei de me alimentar de carne e daí passou a questionar alguns hábitos como reduzir meu lixo, fazer escolhas mais conscientes na hora de comprar e no descarte tentar dar um destino certo pra cada coisa”.

    O desafio que ela identificou de cara é referente ao sistema de coleta da cidade. “Em Manaus a gente mal tem a coleta básica, imagina então o segmentado, a gente leva pra certos pontos de coleta e vê que o lixo passa muito tempo ali sem ninguém reconher”, Laryssa acredita que o problema pode ser resolvido se pensado em conjunto pra que o lixo reciclado consiga chegar no destino final e não ir pro lixo normal como os outros.

    A questão do acúmulo também é uma inimiga da sobrevivência humana, já que o ritmo de fabricação de objetos dos mais diversos tamanhos não para de crescer enquanto a Terra continua do mesmo tamanho. Por isso, pra diminuir a quantidade de pertences a publicitária faz um descarte de três em três meses e o principal alvo são as roupas. “Pego a peça, penso se ainda vou usar ela, se ainda gosto e vou tirando, agradeço ao que ela já me serviu. É importante ir mexendo no guarda-roupa pra entrar em contato com que tem ali, se fica tudo acumulado e parado significa que muitas vezes você nem sabe o que tem lá”, afirma Laryssa.

    A jornalista Marina Amazonas também se tornou vegetariana antes de tomar maior consciência do impactos de seu consumo no mundo, o que aconteceu durante uma fase em que Marina iria mudar de cidade e precisava de dinheiro pra isso, se juntou com algumas amigas e juntas decidiram fazer um brechó.

    “Pensei em como eu poderia economizar, dar outro significado pras minhas coisas. Aluguei um local, chamei amigas e começamos o ‘Histórias de Armário’, queríamos explicar pras pessoas que uma peça de roupa é muito mais que as histórias que a gente acumula com ela porque quando a gente repassa a pessoa pode contar outras histórias com ela, prolongar a vida dessa roupa”, lembra Marina.

    Sem comprar em lojas, Marina admite que esses locais não a satisfazem mais.

    “Não sei de onde vem, quem faz e tenho certeza que elas só estão ali porque alguém quer ganhar dinheiro. É muito raro marcas pensando em propósito, o fast-fashion de hoje é o lixo de amanhã com certeza e eu não quero mais fazer parte desse ciclo, a moda como a gente conhecia antes morreu. Os profissionais de hoje tem consciência que precisam mudar, existe um nicho que não compra mais porque o consumidor agora questiona”, afirma.

    O aumento de brechós online na capital amazonense também é observado por Marina, que acredita ser um indicativo positivo para uma unidade maior e ampliação do tema em diferentes camadas. “O que eu acho que podia acontecer é juntar essa galera toda e formar algo forte, como uma sociedade de brechós e juntaria todo mundo, um ali e outro aqui não tem a mesma força que se teria se juntasse todos e impulsionaria esse consumo, é uma responsabilidade pra quem produz brechós”, opina.

    Marina acredita que o acúmulo anda de mãos dadas com a banalização quando a questão são as roupas.

    “Quando a gente tem muito e alguma coisa estraga a gente joga, quando a gente tem poucas coisas a gente aprende a cuidar melhor dessas coisas, isso faz a gente economizar dinheiro e também aprender a cuidar melhor dos nossos bons. Tudo agora eu quero comprar de segunda mão, quero comprar uma bike, não vou comprar nova, vou comprar de alguém que quer se desfazer daquilo, quero alguma coisa boa que alguém queira passar pra frente, pra circular”.

    O método do armário cápsula é, para Marina, um dos principais métodos pra quem busca encerrar o ciclo de acúmulo no guarda-roupa. “O objetivo é trabalhar tuas peças de muitas formas e aí você escolhe em torno de 30 peças contando com sapato e acessório e monta quantos looks você puder usar por três meses e vai descobrindo outras formas de usar aquelas peças”, recomenda.

     

    Clara Nogueira não é vegetariana mas decidiu há três anos também reduzir seu consumo de carne vermelha motivada pela questão da indústria agropecuária e seus impactos nos recursos naturais do planeta. “Em alguns momentos eu parei totalmente, depois houve uma época em que só comia peixe durante um bom tempo e atualmente meu consumo continua reduzido mas de vez em quando eu como carne ou frango”, ela conta que percebe ao seu redor jovens de sua geração tomando atitudes que impactem menos o meio ambiente e nota até naquelas que não tomam atitudes uma consciência maior sobre o problema.

    A estudante recentemente eliminou o consumo de absorventes descartáveis, durante uma visita Feira Urbana de Alternativas (Fuá) conheceu o produto e aderiu a solução. “O absorvente normal eu já tinha começado a sentir que tava me dando uma alergia então resolvi experimentar o absorvente de pano que é mais confortável e macio. Comprei dois mas o ideal seriam três porque você dorme com um, pode usar dois durante o dia e nesse meio tempo ir lavando enquanto o outro seca”, Clara também informou que é possível adquirir online por um preço acessível.

    A estudante de Psicologia Amanda Zanetti estabeleceu como meta o veganismo e encontrou motivação na informação. “Sempre tive interesse sobre o tema, pesquisava sobre os impactos na saúde, ambientais, sobre os animais que era a parte que eu mais conhecia e conforme muito me informando também fui mudando meu comportamento de consumo em outras questões porque fazia sentido pra mim”, lembra Zanetti.

    “Considero minha conexão com a natureza muito especial então não via muito sentido em contemplar a natureza e não ter nenhuma consciência ecológica do meu impacto, só achar bonito e não cuidar através dos meus hábitos”

    Para Amanda a principal ferramenta de informação foi a internet, no entanto, colocar em prática o planejamento de vida que estabeleceu pra si foi um caminho onde também encontrou algumas dificuldades. 

    “Você se propõe a mudar seus hábitos isso significa ir contra o sistema. Você não tem opções sustentáveis e quando você tem elas são muito caras, fora do orçamento, claro que muito pode ser feito e pensado porque há muitas alternativas mas elas não são facilitadas por políticas públicas e empresas privadas também, quando você decide viver de forma sustentável você adota uma luta baseada em consciência ecológica e você luta contra um sistema que não vê isso como prioridade”.

     

    Documentários

    No início de 2016 Clara assistia muitos documentários e lia livros sobre a relação da agropecuária, questionada sobre dicas para quem deseja se aprofundar no assunto ela indicou o documentário ‘Cowspiracy: O Segredo da Sustentabilidade’, que narra como agropecuária intensiva destrói recursos naturais do planeta também fala sobre os grupos ambientalistas que ignoram a pauta.

    Já pra Marina o divisor de águas foi o documentário ‘The True Cost’ que faz um paralelo entre a pressão que os consumidores recebem para estarem bem vestidos, com roupas de marca e a pressão em trabalhadores de fábricas que precisam suprir o mercado num preço interessante para o empresário, ou seja: exploração.

    “O documentário revela esse mercado injusto que viola os direitos humanos, a primeira vez que eu assisti foi quando eu decidi que queria trabalhar com isso: moda sustentável”

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